Combate ao desperdício alimentar nos lares portugueses

A DECOJovem, com o consentimento da Dr.ª Katarzyna Papaj, adaptou o questionário original e desafiou as escolas DECOJovem a participar, não só no Concurso Green Chef, mas também a responder ao questionário sobre o combate ao desperdício alimentar.

Desperdício Alimentar

O Concurso Green Chef, o concurso de vídeos culinários contra o desperdício alimentar, estabeleceu parceria com a Dr.ª Katarzyna Papaj, autora da dissertação Food waste – Policies, initiatives and consumer behavior, Case study: Poland and Portugal* cujo tema é o desperdício alimentar, para adaptar o questionário original e lançar um desafio às escolas.

O desafio deste ano era, não só, participar no Concurso Green Chef, mas também, responder ao questionário sobre o combate ao desperdício alimentar. E de 22 de novembro de 2016 a 21 de abril de 2017, 231 pessoas participaram no questionário sobre desperdício alimentar.

Perfil dos inquiridos

De acordo com a análise do questionário, 65% dos inquiridos são do sexo feminino, estão inseridos num agregado familiar de 3 a 4 pessoas, habitam num apartamento (42%) ou numa moradia com quintal (45%) e vivem numa cidade pequena ou vila de Portugal.

No que respeita à ocupação dos inquiridos, a maioria são estudantes (63%), justificando a aplicação do questionário sobre desperdício alimentar, no âmbito do concurso Green Chef 3. Cerca de 35% são trabalhadores a tempo inteiro (podem ser professores e encarregados de educação).

Comportamento de compra de produtos alimentares

Mais de 45% dos inquiridos referiram que, em casa, quem faz as compras de produtos alimentares é a mãe, enquanto que 28% refere ser o próprio a fazer as compras. As compras são adquiridas, por 45% dos inquiridos, em mercados de média dimensão, como Pingo Doce, Lidl ou Continete Bom Dia) ou em hipermercados (36% dos inquiridos).

Quanto à frequência com que são feitas compras: 46% vai às compras uma vez por semana, 24% vai várias vezes por semana e 15% faz compras, apenas, 2 a 3 vezes por mês.

Antes e durante as compras de produtos alimentares

Planear melhor a compra dos produtos alimentares, adquirindo os bens que realmente são necessários é uma das suas preocupações. Assim, antes de irem às compras, 49% pensam no que realmente necessitam, verificando o frigorífico e a despensa. 42% é percentagem dos inquiridos que fazem sempre uma lista de compras e 27%, os que afirmam que a cumprem quase sempre à risca.

No entanto, uma parte significativa, 38%, aproveita as promoções para comprar alguns produtos que não estavam previstos.

Para não serem tentados a levar alimentos que não necessitam ou são mais prejudiciais à saúde e, que de outro modo não comprariam, 52% raramente vai às compras nas horas das refeições ou com o estômago vazio.

A verificação dos prazos de validade é uma das maiores preocupações dos consumidores, com 70% a afirmarem que o fazem sempre antes de comprar determinado produto alimentar.

Confeção das refeições

Quando questionados sobre quem é o responsável pela confeção das refeições, 42% reponderam que são as mães. Apenas 25% é o responsável pela confeção das refeições em casa.

O pequeno almoço (77%) e o jantar (79%) são as principais refeições confecionadas em casa.

Desperdício Alimentar

Com a aplicação deste questionário junto da comunidade educativa podemos afirmar a existência de uma maior sensibilização quanto ao desperdício alimentar, com 66% a afirmarem que, semanalmente, desperdiçam menos de 5% dos produtos alimentares que compram. Entre os produtos menos desperdiçados, destacam-se os enlatados e os sumos, dado terem um prazo de validade mais longo.

Gráfico 2 – Formas de verificação das condições do produto alimentar

Sobras alimentares: qual o seu destino?

Sobre o destino que dão às sobras alimentares, 41% afirmaram que nunca deitam para o caixote do lixo, fazendo o reaproveitamento das mesmas para uma próxima refeição. 38% dos inquiridos afirmam que é muito fácil fazer o aproveitamento de todas as sobras para fazer outras refeições.

Sobre se têm por hábito aquecer as sobras para uma próxima refeição, 47% afirmam que o fazem muitas vezes e 25% que o fazem sempre.

Como solução para o reaproveitamento das sobras, juntam novos ingredientes e fazem uma nova receita.

Congelar para comer noutra altura não é um dos destinos dados pelos inquiridos às sobras, com 25% a dizerem que muito raramente o fazem e apenas 27% a afirmarem que o fazem muitas vezes.

Para verificarem se o produto alimentar ainda está próprio para consumo, 76% afirmam que o fazem com base no cheiro, sabor ou aspeto. Quando questionados sobre as diferentes formas que utilizam para verificar se o produto alimentar está em condições de consumo, 79% afirmam que o fazem com base no cheiro, sabor ou aspeto. 65% verificam a data limite de consumo (“ consumir até …”) e 54% a durabilidade mínima do produto (“ consumir de preferência antes de …”).

Principais razões para o desperdício alimentar

Sobre as principais razões para o desperdício alimentar, 43% reconhecem que o esquecimento da comida acaba por ser uma das principais razões para o seu desperdício e 41% afirmam que não aproveitam as sobras, por receio de uma intoxicação alimentar.

*Desperdício Alimentar – Políticas, iniciativas e comportamento do consumidor, estudo de caso: Polónia e Portugal – Mestrado em Gestão e Políticas Ambientais, da Universidade Nova de Lisboa